quinta-feira, 26 de maio de 2016

Vamos contribuir com um livro?

Como mais um desafio da disciplina de Produção Publicitária em Mídias Digitais, ministrada pelo prof. Dr. Riverson Rios, na Universidade Federal do Ceará, a intenção desse post será construir uma definição de palavras do universo da internet. Cada aluno da disciplina pôde escolher duas palavras, e, em no máximo duas laudas, construir uma definição para elas.

Proponho-me a contribuir nesse projeto, que tem a intenção de gerar um dicionário de verbetes sobre o universo digital, sob orientação e organização do nosso professor. Escolhi as palavras "anexo" e "link". Vai dar certo!


Anexo



a.ne.xo /cs/ adjetivo, substantivo masculino
1. (o) que é ligado ou subordinado a algo principal;
2. prédio adjacente


O anexo, no mundo digital, é um arquivo que segue vinculado, em geral, a uma mensagem eletrônica, mas também podem ser vinculados a aplicativos como blocos de notas e também em pastas virtuais ("drives na nuvem"). Podemos fazer uma analogia do arquivo anexo com a de um bilhete, que segue preso por um clipe a uma carta. Não por coincidência o ícone representativo do anexo é um clipe, desses mesmo, de prender papel.

Qualquer arquivo pode ser anexado. Os mais comuns são os documentos de texto e imagens. No entanto, aplicativos executáveis também podem ser anexados. Portanto, é importante que o usuário saiba a procedência antes de abrir o arquivo anexo, pois tais arquivos podem estar carregados de vírus, que podem prejudicar o funcionamento do dispositivo (celular, tablet ou computador pessoal) que o recebe.

Anexar um arquivo a uma mensagem eletrônica é simples: basta clicar no ícone de clipe e procurar o local de armazenamento do arquivo que se deseja anexar. Essa etapa do procedimento de anexação é a parte mais complicada, pois, em geral, as pessoas desconhecem ou não lembram onde o arquivo está localizando dentro do seu próprio dispositivo.

Pensando nisso, alguns desenvolvedores aprimoraram essa etapa, e hoje é possível anexar arquivos usando apenas o comando de arrastar e soltar o arquivo onde se deseja anexá-lo.


Links



link [ing.; plural links] substantivo masculino
na tela do computador, trecho do texto em destaque ou elemento gráfico que, acionado geralmente por um clique de mouse, provoca a exibição de um novo hiperdocumento


O link (ou os links) é uma conexão entre duas referências. É uma maneira encontrada pelos usuários e desenvolvedores de internet de se referendar, de forma mais rápida, a algo, e pode estar em forma de palavras ou imagens. Os links são equivalentes às referências bibliográficas de um livro, ou as notas de rodapé de um trabalho científico, onde são possíveis encontrar fontes para algo que está se encontra disponível.

Os links geralmente se encontram em destaque no universo online através da estilística textual ou seja, podem vir sublinhados, em negrito ou coloridos. Se o link for uma imagem, ao sobrepor a seta indicadora do mouse, o signo mudará para o formato de um dedo indicador, supondo o item ser "clicável". O acionamento de um link redirecionará aquele item (texto ou imagem) para a sua referência, que, por sua vez, pode estar vinculado a outra referência (ou seja, outro link), e assim por diante.

Em Mielniczuk (2005), encontramos que as funções dos links podem acontecer de forma concomitante, ou seja, um mesmo link pode atender a mais de uma função ao mesmo tempo. Ou seja, um link assume importãncia e significados variados, pois trata-se de um recurso que possibilita a flexibilização e o acesso à informação. Em suma, um link é uma forma de mapear a informação, permitindo que se conheça a fonte dela.

Nielsen (2000 apud MIELNICZUK, 2005) identifica três tipos de links. Podemos dizer que se trata de uma classificação quanto à função que eles desempenham:

- Links de navegação estrutural. Esses links resumem a estrutura do
espaço de informação e permitem aos usuários ir a outras partes do
espaço. Exemplos típicos são botões de homepages e links a um
conjunto de páginas subordinadas à página atual.
- Links associativos dentro do conteúdo da página. Esses links são
normalmente palavras sublinhadas (embora possa ser também
imagemaps) e apontam para páginas com mais informações sobre o
texto âncora.
- Lista de referências adicionais. (...) Esses links são oferecidos para
ajudar os usuários a encontrar o que desejam se a página atual não for a
correta. Considerando-se a dificuldade de navegar na Web, os usuários
muitas vezes são salvos por um conjunto bem escolhido de links
Consulte também.




Referências:

HOUAISS, Antônio. Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa. Rio de. Janeiro, Ed. Objetiva, 2001.

MIELNICZUK, L.. O Link como Recurso da Narrativa Jornalística Hipertextual. In: Intercom - Congresso da Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares de Comunicação, 2005, Rio de Janeiro. Intercom 2005, 2005.

http://www.gcfaprendelivre.org/tecnologia/curso/crear_un_correo_electronico/como_enviar_archivos_adjuntos/1.do

terça-feira, 26 de abril de 2016

Fichamento #6 - Facebook Marketing



Livro interessantíssimo para quem trabalha com táticas de marketing digital na rede social Facebook, o livro de Camila Porto é fundamentalmente didático. Além dos principais conceitos sobre analítica da referida rede social, a autora do livro traz considerações importantes sobre mensuração e acompanhamento da concorrência.

Como aumentar o engajamento

Para a autora, o fundamental para conseguir um bom nível de engajamento no Facebook é o planejamento de um bom conteúdo. Para isso, o marketeiro deve dar vários passos atrás: conhecer seu público, saber o que ele quer, onde, quando e quanto (de conteúdo) ele quer.

Muito mais do que ter público é ter um público de qualidade, ou seja, o seguidor de uma página do Facebook precisa, sobretudo, ser apaixonado pela causa. Ou seja, muito mais do que um seguidor, ele precisa ser um fã. Para isso, a autora dá algumas dicas:

1. Fazer posts curtos;
2. Utilizar recursos visuais (e audiovisuais - isso ela não diz, mas o novo trend nas mídias sociais são os conteúdos que se utilizam dos recursos de áudio e vídeo);
3. Faça perguntas ao seu público;
4. Conheça os hábitos do seu público em relação à rede social Facebook (que horas ele costuma acessar, que posts ele costuma curtir com mais frequência etc.)
5. Converse com seu público nos posts;
6. Segmente seus posts e seja RELEVANTE (já perdi a conta de quantas vezes eu ouvi essa palavra nos últimos meses...);
7. Crie uma agenda de conteúdo.

Transformando fãs em clientes

Não é só porque a empresa tem uma página bonitinha no Facebook que se pode dizer que os objetivos de marketing dela estão cumpridos. Não estão. Não até você conseguir tornar os seus seguidores em fãs, e os seus fãs em clientes. O Facebook, como qualquer outra mídia digital, tem o objetivo de veicular e ser um recurso de comunicação com o seu (potencial) cliente. Além disso, é uma ótima ferramenta de fidelização.

O Facebook, aliado a outras ferramentas de gerenciamento de tráfego, como o Google Analytics, é possível rastrear o caminho que o seu fã percorre quando sai da sua página do Facebook atrás de um conteúdo que você mesmo indicou.

Mensuração: métricas de desempenho

Camila Porto traz à luz o conceito de KPI, ou Key Performance Indicators. Por exemplo, engajamento e conversão são KPIs que são passíveis de mensuração. Essas chaves de performance são informações que devem ser definidas durante o planejamento, antes de se iniciar um projeto.




Referência:

PORTO, Camila. Facebook Marketing: engajamento para transformar fãs em clientes.
Disponível em: <http://www.quarteldigital.com.br/ebook/Ebook-Facebook-Marketing.pdf>.
Acesso em: 26/04/2016.

Fichamento #5 - Wikinomics




Referência:

TAPSCOTT, Don; WILLIAMS, Anthony D. Wikinomics: como a colaboração em massa pode mudar o seu negócio. Cap. 1. Trad. Marcello Lino. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2007.

terça-feira, 12 de abril de 2016

Fichamento #4 - A bíblia do marketing digital

Não poderíamos passar uma disciplina inteira sobre meios digitais sem entender um pouco sobre a história da Sra. Internet, não é mesmo? Pois bem, é o que o livro de Cláudio Torres nos traz. Bem, antes de começar a falar um pouco do livro, quero atingir bem fundo a sua auto-estima acadêmica revelando o gabarito do autor: graduação em engenharia pelo ITA, mestre em sistemas pela USP, pós-graduado em marketing pela universidade da Suécia. Amigo, se você tem dúvida sobre se o cara sabe do que está falando, então o seu caso é clínico.

Mas vamos lá: para falar sobre marketing digital, acredito que seja fundamental conhecermos o funcionamento da própria internet. Da onde ela veio, para onde ela se direciona veremos no Globo Repórter, sexta-feira, não há como traçar estratégias se não conhecemos esses movimentos.

Quem é a Sra. Internet?

O livro, escrito em 2009, traz a década de 1990 como o período de nascimento da rede. No entanto, algumas outras fontes, como o Webinsider ou até mesmo colaboradores do Wikipedia discordam desse registro. O que importa é que, independente da data de seu nascimento, a internet inaugurou uma nova era no mundo digital: a era em que os correios tiveram de repensar o que fazer com os postais de fim de ano. O e-mail, hoje substancialmente necessário, foi uma das criações iniciais da rede, e permitiu a comunicação imediata entre pares, Isso abriu uma nova ponte de transformação no mundo: a mudança de consumidor, e a maneira como eles pautam os negócios.

Muito mais importante do que a comunicação, o e-mail (e, posteriormente, as mídias sociais) possibilitou criar vínculos entre empresas e pessoas, e os consumidores passam a não serem mais vistos como números, mas, sim, como devem, como pessoas que são.

Ou seja, a internet, segundo Torres (2009, p. 24) possibilitou uma mudança de paradigma. Não há mais distinção entre informação, diversão e relacionamento, quando as pessoas podem (e desejam) encontrar tudo isso no mesmo lugar.

Os números da internet no Brasil - considerações

Torres (2009) traz um subcapítulo inteiro de estatísticas sobre a internet no país. No entanto, tendo o livro sido publicado há 7 anos atrás, prefiro apenas me restringir a comentar sobre os aspectos decorrentes dessas estatísticas. São estes:

- Custo: acessar a internet está cada vez mais democrático (ainda mais com o advento e ascensão do mobile, coisa que o livro não aborda nos três capítulos iniciais), no entanto ter acesso à uma conexão de qualidade ainda continua pesando no bolso do brasileiro;
- Uso: o internauta acessa a internet, basicamente, para informar-se, se divertir e se relacionar; o que aumenta com o tempo é a frequência de uso diária, ou seja, o tempo que se dispensa acessando a internet;
- Comportamento: o internauta é cada vez mais multifacetado, tem vários aplicativos diferentes abertos ao mesmo tempo, várias "guias" de internet abertas e atualizando-se ao mesmo tempo, ou seja, prender a atenção dele está cada vez mais difícil. O autor dá algumas dicas: tratar o consumidor como "gente", permitir que ele se comunique, optar por uma comunicação simples, e estar onde o seu potencial cliente está (próximo tópico em negrito);
- Regulamentação: no Brasil, assim como no resto do mundo, o uso da internet foi crescendo por conveniência, no entanto, sem qualquer regulamentação. Apesar da evolução de algumas leis do mundo "real" (como a legislação criminal) estar sendo estendida para o virtual, ainda não atende a algumas especificidades do digital. Isso afeta a forma como as empresas se apropriam da experiência de navegação do usuário.

O ambiente da internet

Basicamente, o que o autor foca neste capítulo é conhecer o ambiente onde o internauta passeia. Ou seja, para ser (re)conhecido, você tem de estar onde o internauta está.

- Ferramentas de busca: para Torres (2009, p. 39) é o princípio da navegação; esse é um meio que deve ser pensado quando, ao pensar no internauta, você crê que ele vá em busca de algo novo, fora daquilo que ele conhece ou já está acostumado;
- Portais, sites e hotsites;
- Redes sociais, fóruns e blogs;
- Ferramentas de comunicação: cada vez mais em voga e mais em uso, principalmente por conta do custo da internet. Ou seja, poder realizar tarefas e comunicar-se gratuitamente através da internet;
- Mundos virtuais e jogos on-line.

A linguagem de internet

Muito didático, Cláudio Torres dedica um capítulo inteiro a explicar os termos de internet. Um excelente guia para leigos, que desconhecem termos como widget, e-commerce, crowdsourcing etc. Não irei especificar cada termo pois acredito não ser de essência crítica para um fichamento acadêmico. Afinal, todos essas palavras têm significados facilmente encontrados em diversas páginas buscadas no Google.

Marketing digital

Torres (2009) começa a segunda parte do segundo capítulo do livro inserindo uma visão mais ampla do marketing na esfera digital. Primeiramente, ele discute a perspectiva do consumidor e como devemos enxergá-lo. O autor comenta que

"A grande diferença é que alguns comportamentos e desejos estavam
adormecidos ou reprimidos em função das restrições da comunicação
em massa e da pressão da sociedade moderna sobre o indivíduo (...) [a] 
Internet, de fato, fez foi abrir de novo as portas para a individualidade e para
o coletivo, sem a mediação de nenhum grupo de interesse."

Para o autor, é fundamental conhecermos o comportamento do consumidor online, e que uma visão orientada para esse comportamento considera que as pessoas estão presentes na internet para interagir de quatro maneiras: informação, comunicação, diversão e relacionamento.


Para o autor, o marketing digital completo deve ser composto pelas ações estratégicas abaixo descritas. E, ainda para Torres (2009, p. 72), todas essas ações devem andar juntas (a tal da convergência midiática). Assim, cada ação estratégica deve ser desmiuçada em ações táticas e operacionais, que atuem de forma coordenada e interdependente, criando sinergia e gerando resultados. São essas as ações estratéicas:

- Marketing de conteúdo: o conteúdo dentro de um site é a primeira e mais importante forma de comunicação com o consumidor conectado;
- Marketing das mídias sociais: as mídias sociais são sites na Internet construídos para permitir a criação colaborativa de conteúdo, a interação social e o compartilhamento de informações em diversos formatos;
- E-mail marketing;
- Marketing viral;
- Pesquisa online;
- Publicidade online;
- Monitoramento.

Marketing de conteúdo (a importância do texto na internet)

Para que a forma da sua empresa se comunicar com seu cliente seja mais interessante, e gere resultados, é imprescindível que você crie um conteúdo relevante para ele. Aliás, relevância é apenas o primeiro aspecto que Torres (2009) cita como fundamental para criar relacionamentos com o consumidor online. Para que isso aconteça, é preciso que:

- Haja conteúdo relevante (e que o volume, qualidade e utilidade sejam adequados ao público): para o autor, criar um acervo de conteúdo interessante + capital social referente às interações com o público torna uma empresa, de fato, valorosa. A criação deve considerar apelar para um conteúdo genuíno, e isento de interferência comercial.
- Planejamento do conteúdo: questões como quem é o público-alvo; o que se pretende com ele; como ele se comporta; qual informação ele busca; que conteúdo produzir para ele; como produzir esse conteúdo;



Referência:

TORRES, Claudio. A bíblia do marketing digital. São Paulo: Novatec Editora, 2009.

quarta-feira, 6 de abril de 2016

Fichamento #3 - Free - O futuro dos preços

Tendo recentemente escrito um projeto de pesquisa sobre o consumo colaborativo, e estando cada vez mais interessada neste tema, eis que cai nas minhas graças o prólogo e o primeiro capítulo desse livro interessantíssimo (e com quem tenho muito a "conversar"), chamado Free: o futuro dos preços, de Chris Anderson. O autor de A Cauda Longa (já falei sobre esse livro aqui) traz uma abordagem contemporânea sobre o consumo, baseado na atratividade pela gratuidade.

O autor dá início às suas considerações trazendo alguns conceitos apresentados em A Cauda Longa: a questão da distribuição ilimitada propiciada pelo mercado digital e a tendência descendente dos custos marginais desta distribuição. Essa nova forma de estocagem foi responsável pelo nascimento de uma nova cultura de consumo: diversificada, dinâmica, avessa às tendências midiáticas de massa. O que, segundo Anderson, nos força a repensar o comportamento humano relativo aos incentivos econômicos.

Para o Anderson (2009, p. 10), "uma das ferramentas de marketing mais poderosas do século XX: dar uma coisa para criar demanda por outra." É o que eu chamo de "consumo descartável", um consumo de isca. Até o momento, nada novo. Várias marcas fazem isso, inclusive o autor cita no livro cases como o da própria Gillette e da Jell-O. O que faz a diferença é o que ainda está por vir, porque isso muda no século XXI.

A nova forma do grátis, segundo o autor, não é mais uma isca; é um truque de transferência de recursos, "de um bolso para outro", como já diria o próprio. É impulsionado por uma extraordinária nova capacidade de reduzir os custos dos bens e serviços a quase zero. Ou seja, é um modelo econômico novo.

(É triste lembrar o fato de que poucas pessoas saibam a diferença entre custo e preço, mas a internet está aí para isso!)



Referência:

ANDERSON, Chris. Free: Grátis: o futuro dos preços. Editora Elsevier. Rio de Janeiro, 2009, 6ª edição 269 p.


Foto: Jimmy Marble

terça-feira, 29 de março de 2016

Fichamento #2 - Google Marketing

Muito apesar de ter sido originalmente escrito em 2007, o que dá uma perspectiva ao leitor de parecer desatualizado, o livro Google Marketing: O Guia Definitivo do Marketing Digital, de Conrado Adolpho Vaz, traz à memória alguns conceitos esquecidos e prevê técnicas que atualmente estão à tona no mundo digital.

O jovem Vaz, engenheiro aeronáutico pós-graduado em economia, escreve um verdadeiro guia de auto-ajuda sobre como sobreviver à era digital, aplicando conceitos do marketing. Básico, mas, como o próprio autor ressalta no livro: tem gente que esquece!

O autor destaca que o marketing digital ainda recebe (recebia? - o livro é de 2007, lembre-se disso!) baixos investimentos, e que as causas disso são:

1. O medo dos anunciantes em investir na web, com medo de que a bolha de supervalorização dos papéis (ações) das empresas virtuais estourasse, como o que ocorreu no início dos anos 2000;
2. O fato de que não há (havia?) muitos estrategistas para esse ambiente de mercado, e os empresários ainda vissem a internet como sinônimo de "site", não necessariamente como uma alternativa de mídia;
3. A penetração da internet no país, que, apesar de não ser tão baixa quanto à época em que o livro fora escrito, ainda é concentrada em um público de maior renda.

O autor ainda destaca uma mudança drástica na percepção do ambiente de internet, enquanto local de investimento por parte dos anunciantes: é que esse ambiente requer uma mudança nos paradigmas comunicacionais até então praticados pelas empresas. Comunicar pela internet requer um reforço extra sobre a mensagem a ser transmitida, e essa mensagem deve ser pensada diferenciadamente daquela veiculada nas mídias tradicionais.

"Na internet, a propaganda dá lugar à publicidade, o marketing de interrupção dá lugar ao marketing de relacionamento e de permissão, a forma dá lugar ao conteúdo, a via de mão única dá lugar ao diálogo e à participação, o corporativo ao flexível e orgânico, a ‘campanha’, à idéia, o marketing de massa ao relacionamento com o indivíduo, os segredos da instituição, à transparência absoluta e a empresa cede lugar ao consumidor."

A internet, para Vaz (2007), é um meio de alta interatividade, que define três agentes principais na veiculação da mensagem: locutor, interlocutor e meio. Esse "meio" possibilita a formação de uma inteligência coletiva formada pela interconectividade - e que o entendimento de como age essa inteligência coletiva e da influência dela sobre seus agentes é fundamental para o sucesso dos investidores.

Para atuar nesse meio, segundo o autor, é preciso recriar a empresa digitalmente. Ou seja, mudar o paradigma de comunicação da empresa, e não apenas transferi-lo para uma versão digital do negócio.

Web 2.0

Vaz (2007), top-amante do Wikipedia, resolve copiar e colar a definição de Web 2.0 no seu livro, a qual eu, autora deste humilde blog, resolvo re-copiar e colar aqui:

"Web 2.0 é um termo cunhado em 2003 pela empresa O’Reilly Media para designar uma segunda geração de comunidades e serviços baseados na Web, como wikis e redes sociais. (...) Embora o termo tenha uma conotação de uma nova versão da Web, não se refere à actualização nas suas especificações técnicas (que pena!), mas a uma mudança na forma como ela é encarada por utilizadores e designers."

A Web 2.0 está sendo vivida agora, nesse exato momento, enquanto eu escrevo esse post e como uma maçã entre uma frase e outra: é esse ambiente que concede participação ao usuário, que pode ser moldado e enriquecido por ele através de comentários, avaliação, personalização... Hello-oh, nós já fazemos isso, Vaz! Mas muitas empresas não, e é aí que o querido autor tem razão: para sobreviver à internet, uma empresa tem de ser capaz de ofertar aos seus usuários comunicação, informação, entretenimento, interatividade (e eu incluiria aí a tal da relevância, mas como eu sou uma mera estudante, vou ficar calada...)

Isto tudo porque os consumidores, segundo Vaz, querem ter capacidade de escolha e flexibilidade, opiniões isentas e objetivas advindas de pessoas comuns. Ou seja, não adianta ter a Juliana Paes falando do Bradesco Prime na TV e na rádio se o meu best-friend odeia os serviços daquele banco. Além de serem encontráveis, as empresas deve estar à eterna disposição dos seus clientes. Ou seja: o seu cliente é o seu maior ativo. Nos novos modelos de negócio, é ele quem gera informação, que irá lhe ajudar na tomada de decisões e no posicionamento da sua marca; que irá fazer com que sua empresa reduza custos, e que, se gostar de você, será seu amigo pra sempre. Aquela antiga contabilidade já era: riqueza, mesmo, está com o cliente.

As novas características que definem o mercado

Vaz ainda lista características que definem esse novo universo digital, e para começar a pensar esse ambiente, para o autor, é preciso que as pessoas invertam a lógica, e "pensem localmente para agir globalmente". Isso porque precisamos de capilaridade: o público de internet é mais crítico, é mais jovem e tem boa formação, tem melhor poder aquisitivo e de formação de opinião. Ou seja, é um público difícil de ser convencido de maneira tradicional. Mas vamos às dicas do autor.

- Seja simples: ou seja, exato e bem elaborado com a sua mensagem;
- Seja ético: é o básico, é uma questão de responsabilidade;
- Seja "encontrável": porque num universo caótico de concorrência, ser relevante vale muito;
- Ponha o consumidor no início da sua cadeia de valor;
- Crie relacionamentos, pois o seu cliente quer fazer parte daquilo que ele quer adquirir;
- Renove-se diariamente, porque, como já diria Cazuza, "o tempo não pára...".



Referência:

VAZ, Conrado Adolpho. Google Marketing: o seu guia definitivo de marketing digital. São Paulo: Novatec Editora, 2007.

quarta-feira, 23 de março de 2016

Fichamento #1 - A Cauda Longa

"Mais uma vez, a dificuldade em observar o firmamento é olhar para o lugar certo,
no momento certo, para assistir aos fenômenos mais interessantes,
como asteroides ou evolução estelar. E menos uma questão do tamanho
e do preço do telescópio e mais uma questão de quantos olhares
estão voltados para o céu, com os instrumentos certos, em determinado instante."


Já tinha um tempo eu li alguns capítulos do livro A Cauda Longa, de Chris Anderson. Hoje, como a atividade da disciplina de Produção Publicitária em Meios Digitais de realizar um fichamento da obra, me vejo às voltas com os capítulos 1 e 5 deste livro.

O engraçado é que o livro, lançado em 2006, já parece meio outdated para os tempos atuais. Traz conceitos que já nos parecem tão lugar comum (afinal, já são 10 anos do lançamento do livro, hein), mas cabe trazer à tona algumas constatações do autor, principalmente no que tange as relações de produção x consumo, oferta x demanda, coisas que muita gente por aí insiste em não revisar. Pois bem, depois não reclamem se seus negócios não deram certo. ¯\_(ツ)_/¯

Chris Anderson parece ter um certo gosto pela análise do mercado digital. Aliás, é editor-chefe da Wired Magazine, uma revista americana sobre tecnologia, design e mercado digital. Fraco não, o moço. Em A Cauda Longa, ele analisa mercados online, lançando estatísticas periódicas de vendas desses mercados comparados ao mercado varejista convencional (lojas físicas) sob uma perspectiva probabilística. Esses dados são colocados em uma curva gráfica (curva de Pareto), onde ele chega a algumas conclusões - as tais que eu falei que já parecem old school para a nossa atual realidade. Mas que conclusões são essas? Vamos a elas.

Seleção irrestrita

Segundo o autor, seja, por motivações econômicas, ou de agenda setting, somos induzidos à um universo homogeneizado de opções. Mas as oportunidades de criar demanda sobre produtos extrapolam essas motivações, e isso foi observado pelo autor quando informações de compra em tempo real foram cruzadas com tendências de compra do consumidor em uma loja online. Essas tendências se revelaram através da busca pela opinião de outros consumidores sobre os produtos nessa loja online.

Nessa pesquisa, é que o autor chega à conclusão que guia todo o livro: o mercado de consumo de hits (ou seja, produtos aceito em massa) chega a ser equalizado pelo mercado de nicho (a tal Cauda Longa, ou seja, os demais produtos na curva de consumo).

A Cauda Longa
A Cauda Longa


A tirania da localidade e a maioria oculta

Segundo o autor, uma restrição do mundo físico é a própria física. A capacidade de armazenamento de bens de consumo. Os varejistas se interessarão apenas pelo conteúdo capaz de gerar demanda suficiente para pagar os custos de estocagem. Para sanar isso, a indústria de entretenimento aposta em grandes sucessos. Os sociólogos, para Anderson (2006), diriam que os hits são inerentes à psicologia humana — que são o efeito da combinação de conformismo e divulgação boca a boca. No entanto, o próprio autor desvenda que somos atraídos pelas variantes quanto mais exploramos alternativas. Esse é o tal mercado potencial.

É superando as barreiras físicas onde se encontram os mercados novos. Esses mercados novos, que são numerosos, quando multiplicados por um baixo número de volume de vendas, ainda resultam em um alto número - o faturamento marginal, que pode ser um negócio eficiente e eficaz em relação ao custo (olha a teoria da Administração aí, gente!)

Anderson (2006) é ainda mais otimista quando diz que interligando oferta e demanda, toda a natureza do mercado muda qualitativamente, e se revela uma demanda por conteúdo não-comercial (a Cauda Longa que ele tanto defende).

Os novos produtores (amadores)

Foi com um extrato sobre o amadorismo que abri esse texto. Na verdade, creio esta ter sido a grande visão de Chris Anderson quando ele fala sobre a Cauda Longa. A democratização dos meios de produção também criam novos mercados, pois somos, ao mesmo tempo, colocados na condição de consumidores e produtores. Entretanto, ele mesmo questiona sobre as questões de qualidade na natureza do conteúdo contido na Cauda Longa - que é variável e diversa.

A economia da reputação

Produtores amadores criam sem propósitos comerciais. Há, portanto, uma inversão da indústria cultural: a criatividade é supervalorizada perante os custos de produção e distribuição. E, por fim, mais uma vez cito o autor:

"(...) produtores de todos os tipos, que começam na cauda,
com poucas expectativas de sucesso comercial, podem dar-se ao luxo
de correr riscos, pois têm menos a perder.
Não há necessidade de licença prévia, de plano de negócios
nem mesmo de capital. As ferramentas da criatividade agora são baratas
e, ao contrário do que imaginávamos, o talento se distribui
de maneira mais dispersa."


Assim, a Cauda Longa talvez se transforme na área crucial da criatividade, lugar onde as ideias se formam e se desenvolvem, antes de se transformarem em sucessos comerciais.



Referência:

ANDERSON, Chris. A Cauda Longa: do Mercado de Massa para o Mercado de Nicho . São Paulo: Ed.Campus, 2006.